quarta-feira, 30 de maio de 2007

Polonia, 30 de maio de 2007

Era cedo, em torno das 08:00hs, o frio penetrava incólume por nossas fardas fazendo ate mesmo o mais resistente de nossos soldados tremer impotente diante da imbativel força desse inimigo invisivel. estavamos ás portas de moscou, meio contentes, afinal o inimigo ainda nao tinha nos localizado, meio aborrecidos, pois achavamos que encontrariamos algo mais para fazer alem de caminhar a toa e tirintar de frio. Alias, este fazia a catalização perfeita entre os dois sentimentos, transformando-os em uma espécie de "angustia-euforica" ou "euforia-deprimente". Sem algo mais útil para fazer, pus-me a filosofar sobre o assunto com um grande companheiro de muitas batalhas, o destemido Sgt Falcão, diga-se de passagem, o cara que ja me salvou a vida pelo menos uma dúzia de vezes.
Porem, nossa amigável conversa foi interrompida por um estrondoso ruido. Um obus explodiu a cerca de 50m, o que foi sufucientemente perto para instalar o pavor no coração de todos os soldados da nossa patrulha.

- Nos descobriram!!! berrava tardiamente o sentinela.

- Acho que ja percebemos isso!- Respondi, ainda aborrecido por ter de interromper a conversa pela metade.

Certamente era mais um dos ataques de "Rui, O Terrível", conhecido e temido "caçador" de patrulhas. Ja era de se esperar que ele atacaria mais cedo ou mais tarde, afinal ninguem consegue passar desparcebido para sempre.
-É o nosso fim.- Pensei

-Calma Fraga, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, e uma coisa não tem nada a ver com a outra... nao adianta se desesperar que nao vai nos ajudar em nada. Disse o Sgt Falcão, como se tivesse lido meus pensamentos

- T-33 ÁS 10HS!!!!!!! Berrou a plenos pulmões o Sgt Sallaberry, nosso sentinela

Como se ja nao bastasse os estrodosos obuses de Rui, o Terrível, ainda tinha que enfrentar a unidade mais terrivel e mais pesada que jamais houve em toda a guerra: A terrivel 1ª Bda autopropulsada, comandada pelo nao menos terrível Marechal Nunes.

Cap Nascimento, meu superior imediato e comandante da patrulha, me chamou discretamente e me segredou:

-Agora sim a gente tá perdido, mas antes de morrer eu quero que você entregue isso à minha esposa.-entregou-me um envelope

Estranhei que envelope pardo nao estava selado e tao pouco o Capitão fez questao de guardar segredo sobre o seu conteúdo. Logo após ele ter se retirado, nao resisti à tentação de ver o que tinha dentro do envelope, afinal nao estava selado, e um pequeno descuido...
Retirei com cuidado as tres folhas de papel que estaval dentro do envelope, todas iguais. podia se ver na parte superior de cada pagina a seguinte inscrição:

"SIAFI2007 - SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
ORDEM BANCÁRIA DE PAGAMENTO 2007RE0023"
Estranhei muito o capitão ter me entregado uma RE para dar à esposa dele, afinal, os bancos so abrem depois das 10hs...
De repente acordei. Os tao "temidos" obuses, era apenas a nossa incansável impressosa funcionando a todo vapor, e os "poderosos" Blindados nao passavam do velho ar-condicionado funcionando, lutando inutilmente contra o frio que imperava no recinto
Fui tomar um café, já "livre e consiente" do "perigo" que me cercava.
Tudo não passou de mais um dia calmo na Tesouraria
Auschuvitz Birkenau, 30 de Maio de 2007
Herr Comandant

Um comentário:

Unknown disse...

Elogio de Praça:
Excelente Herr Comandant! Afinal, o que são nossas vidas se não uma guerra constante travada por batalhas diárias protagonizadas por nós mesmos e por aqueles que nos cercam? Amigos ou inimigos temos a árdua missão de identificarmos e aliarmo-nos a eles ou destruí-los implacavelmente caso inssistam em nos atacar! É uma mistura de ficção e realidade que nos confunde o tempo todo. Porém, como comandantes de nossos próprios destinos não podemos deixar abater o moral de nossa tropa jamais...seja qual for a circunstância que nos encontrarmos. E no final de cada luta... de cada cessar fogo, façamos o levantamento do nº de mortos e feridos e reagrupemos, tendo sempre em mente, que no intuíto do cumprimento da missão, nada poderá nos deter... e de preferência com o menor nº de baixas possível...
PS: Extensivo aos familiares.
Sgt Falcão